5 ideias para distribuir seu livro impresso e conquistar novos leitores

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O livro é o cartão de visita do escritor. Quando você entrega o seu livro para alguém, você está informando, de forma eficaz, qual é o seu trabalho. E, apesar de ser muito bom vender o seu livro (já falei sobre isso aqui e aqui), é igualmente importante para a sua carreira distribuir seu livro de forma gratuita.

Neste artigo, listei algumas sugestões de locais e pessoas para os quais você pode oferecer seu livro, fortalecendo assim a sua rede de contatos e contribuindo para o incentivo à leitura na sua cidade.

Bibliotecas públicas da sua cidade

Os primeiros locais nos quais você precisa focar a distribuição dos seus livros são as bibliotecas públicas da sua cidade. É nelas que pessoas interessadas por livros e pela leitura vão, seja para participar de atividades promovidas pelas instituições ou apenas para emprestar livros de graça.

Pelo caráter democrático das bibliotecas públicas, elas têm grande potencial para gerar novos leitores — por isso, colocar seus livros nesses espaços pode ser uma maneira de você ser encontrado por pessoas diferentes, que muitas vezes ainda não conhecem o seu trabalho como escritor.

Além disso, ao doar seus livros para bibliotecas, você está contribuindo para a memória da sua cidade. Muitas bibliotecas, em especial as maiores, possuem acervos de autores locais, para que as gerações futuras possam consultar os livros que foram produzidos antes.

O único cuidado que você precisa tomar é perguntar, de antemão, se a biblioteca em questão aceita o seu livro. Algumas bibliotecas, por exemplo, aceitam apenas livros de literatura, já outras, apenas livros técnicos de áreas específicas. 

Eu já fiz minhas doações e posso garantir: é muito legal ver o meu nome no acervo das bibliotecas da minha cidade. Se você quiser emprestar algum dos meus livros, basta procurar por Mylle Silva no acervo da Biblioteca Pública do Paraná e também no acervo das Casas da Leitura.

Bibliotecas em escolas (públicas e particulares)

As mesmas vantagens de distribuir seus livros gratuitamente nas bibliotecas da sua cidade se aplicam às doações para escolas. No entanto, a aceitação ou não dos livros por parte das escolas vai depender tanto do tema quanto da classificação indicativa do seu livro.

Tema do seu livro

Para começar, você precisa se perguntar se o tema do seu livro, da maneira como foi abordado, interessa aos alunos, aos professores, ou ambos. Por exemplo, pode ser que um livro técnico sobre hortas verticais não seja tão interessante quanto um livro ilustrado sobre o mesmo tema.

Aqui vale muito a pena saber quem é o público-alvo do seu livro, ou ainda o seu leitor ideal

Classificação indicativa (Classind)

A classificação indicativa, também chamada de Classind, é o sistema brasileiro de classificação de obras dos mais variados suportes, que indica para quais faixas etárias a obra — no nosso caso, o livro — não é indicado. O sistema leva em consideração o nível de maturidade e tem como objetivo auxiliar os pais na escolha de conteúdos para seus filhos.

Bem, já deu para perceber como o Classind é importante para nós escritores, né? Para saber como classificar o seu livro, clique aqui e confira a tabela com a descrição do que é permitido para cada uma das faixas etárias.

Chegando nas escolas

Depois que você fizer uma avaliação prévia e concluir que seu livro pode ser doado para a biblioteca de uma escola, é hora do show!

Se você quer distribuir seus livros para as escolas públicas da sua cidade, comece entrando em contato com o órgão gestor (secretaria de educação ou similar) e pergunte se eles aceitam doações. Em alguns casos, esses órgãos possuem comissões especializadas em avaliar os materiais que são doados para as escolas, por isso procure ser educado e paciente. É possível que eles peçam para dar uma olhada no seu livro antes da doação.

Caso você queira deixar seus livros em escolas particulares, você mesmo terá que mapear as escolas nas quais deseja distribuir seu livro e ir até cada uma delas. A vantagem dessa distribuição é que muitas escolas particulares promovem feiras de livros, e ser conhecido pelos gestores desses espaços aumenta suas chances de ser chamado para participar.

Outra vantagem (além da óbvia, que é o incentivo à leitura) é servir de inspiração para futuros escritores. Mesmo com toda a informação disponível na internet, nada substitui a descoberta, na infância, de que existem pessoas muito próximas de nós escrevendo histórias incríveis.

Instituições e espaços culturais

Fazer seu livro chegar em quem move a cultura na sua cidade é também chegar em quem procura e consome essa cultura. Dessa forma, você não precisa distribuir seu livro apenas em bibliotecas, mas também em espaços culturais, públicos e privados, de sua preferência — em especial os que possuam acervos próprios ou locais para exposição.

Você pode deixar seu livro em museus, centros culturais, bibliotecas e acervos especializados no tema abordado no seu livro, universidades, centros de pesquisa etc.

Outra opção é entrar em contato com o órgão de gestão cultural da sua cidade, caso haja um, e perguntar se eles fariam a distribuição do seu livro nos espaços geridos por ele

Profissionais do mercado livreiro

Depois de listar várias opções de distribuição em espaços e instituições, é hora de pensarmos um pouco no bom e velho networking. 

Quando publicamos um livro e queremos que nosso trabalho seja reconhecido, de nada adianta apenas imprimi-lo e ficar sentado esperando ser descoberto por alguém. Como eu disse lá no começo do artigo, o livro é o cartão de visita do escritor — e cartões de visita foram feitos para serem distribuídos.

Entregar seu livro para pessoas que você considera importantes, influentes e cujo trabalho você admira é uma das melhores formas de dizer “esse é o meu trabalho e eu me orgulho dele”.

No entanto, mostrar o seu trabalho de coração aberto não significa que a pessoa precisa te dar algo em troca — pelo contrário, ninguém é obrigado a gostar do seu livro. O que você está fazendo é apenas informando que escreveu e publicou um livro. Se a pessoa gostar e te der alguma visibilidade ou feedback, ótimo, se não, nada de ressentimentos.

As pessoas que trabalharam com você

Por último, porém não menos importantes, são as pessoas que te ajudaram a publicar o seu livro. Revisores, diagramadores, editores, marketeiros, capistas, ilustradores, familiares e todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que você concluísse o seu projeto.

Essas pessoas precisam ser presenteadas — e quer presente melhor do que dar a elas um livro que você mesmo escreveu?

Lembre-se que um livro é um trabalho que pode (e deve!) ser realizado em conjunto — e quanto mais gente estiver empenhada na produção, maiores são as chances de o livro ser publicado.

Se as pessoas que batalharam com você pelo seu livro não merecem recebê-lo de presente, eu não sei mais quem merece.

Distribuir seu livro de graça = satisfação

Sim, eu sei que nem sempre é fácil produzir um livro impresso. Sim, eu sei que custa dinheiro ficar imprimindo livros para distribuí-los de graça. Sim, eu segurei meus livros por muitos anos até ver caixas e mais caixas deles se acumulando em casa.

Se nós, escritores, queremos ter mais leitores, o mínimo que precisamos fazer é trabalhar para que os nossos livros possam ser encontrados. Nós estamos no Brasil, um país onde a educação é precária e o incentivo à leitura engatinha em ações isoladas.

Se cada um de nós disponibilizarmos alguns dos nossos livros gratuitamente nos locais que fomentam a cultura e a educação, estaremos enriquecendo a diversidade da literatura e fomentando o hábito da leitura na nossa cidade. 

Como tudo no ofício da escrita, os resultados da distribuição gratuita de livros não são imediatos, mas sem dúvida são muito satisfatórios. Em todos os lugares em que deixei meus livros, fui recebida com sorrisos e agradecimentos. E a razão é simples: quem gosta de livros gosta de receber livros de presente.

Agora é a sua vez: caso tenha livros impressos na sua casa, ou condições para imprimi-los sob demanda, separe alguns exemplares e comece a distribuição.

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Quem escreve sobre escrita

Mylle Pampuch

Mylle Pampuch escreve e edita livros. Publicou as histórias em quadrinhos A Samurai e Doce Jazz e os livros de contos A Sala de Banho e Realidades pré-distópicas (& modos de usar). Ministra oficinas de escrita criativa, orienta autores em seus projetos literários e incentiva todos que queiram a escrever e publicar suas próprias histórias.

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