Ao ver minha caixa de e-mails cheia, decidi fazer uma pequena faxina. Dentre as muitas newsletters literárias que assino, abri a da universidade canadense Simon Fraser University (SFU) – um dos meus sonhos é fazer o curso à distância de escrita criativa ofertado pela instituição.
Logo que abri a newsletter, descobri que abril é o mês da poesia. Entre dicas, entrevistas e cursos ofertados, encontrei um exercício interessante sobre como escrever um poema.
A newsletter me levou ao site The Art of Compost (em inglês), no qual o exercício foi transcrito do livro The Practice of Poetry: Writing Exercises From Poets Who Teach, organizado por Robin Behn e Chase Twitchell. Logo que li a postagem, me encantei com a ideia e, quando me dei conta, já estava traduzindo os primeiros projetos para o português.
Criado pelo poeta, editor e professor Jim Simmerman, o exercício é composto por vinte pequenos projetos que, juntos, funcionam como um guia, que pode ou não ser seguido na ordem proposta.
A única recomendação de Simmerman é que o poema comece no primeiro projeto e termine no último projeto – os demais podem ser misturados como o autor achar melhor.
Para incrementar ainda mais a brincadeira, ele sugere que se trabalhe com duas ou mais vozes dentro do poema, como se várias pessoas estivessem falando.
Como escrever um poema
Vinte pequenos projetos poéticos
- Comece o poema com uma metáfora.
- Diga algo específico mas totalmente absurdo.
- Use ao menos uma imagem para cada um dos cinco sentidos, seja em sequência ou salpicadas ao longo do poema.
- Use um exemplo de sinestesia (mistura de sensações).
- Use o nome de uma pessoa e o nome de um lugar.
- Contradiga algo que você mencionou anteriormente no poema.
- Mude a direção ou divague a partir da última coisa que você disse.
- Use uma palavra (uma gíria?) que você nunca viu em um poema.
- Use um pouco de lógica falsa de causa e efeito.
- Use um trecho de “fala” que você ouviu de fato (de preferência um dialeto e/ou algo que você não compreenda).
- Crie uma metáfora usando a seguinte forma: O/A (adjetivo) (substantivo concreto) de (substantivo abstrato)…
- Use uma imagem que reverta as características usualmente a ela associadas.
- Faça com que a persona ou personagem do poema faça algo que ela/ele não poderia fazer na “vida real”.
- Refira-se a si mesmo em apelido e na terceira pessoa.
- Escreva flexionando os verbos no futuro, de tal forma que parte do poema pareça uma premonição.
- Modifique um substantivo com um adjetivo improvável.
- Faça uma afirmação declarativa que soe convincente mas no fim não faça sentido.
- Use uma frase de outro idioma que não o português.
- Faça um objeto não-humano falar ou fazer alguma coisa (personificação).
- Termine o poema com uma imagem vívida que nada declare, mas que “ecoe” uma imagem anterior do poema.
Projete para ser livre
Simmerman criou o exercício em meia-hora, depois de perceber que seus alunos de escrita criativa ficavam muito presos a métricas, formas e rimas.
Por isso, vale lembrar que não existe uma fórmula mágica sobre como escrever um poema – quem decide como escrever é você.
Use o exercício como o que ele é: um exercício. Depois de fazê-lo, aproveite-o em sua prática de escrita diária, para tirar algumas ideias da cabeça. Tenho certeza de que, assim, você aproveitará muito mais a experiência da escrita.
Muito boa as dicas. Nuca soube como escrever um poema. Diziam que não sabia escrever e também não sabia como melhorar e tinha parado de tentar fazer. kkk. Com essas dicas vou querer fazer um poema melhor e mais profissional.
Fico muito feliz em saber! Espero que escreva muitos poemas e espalhe-os pelo mundo.