Descubra o que é Escrita Criativa e como ela pode te ajudar a contar a sua história

D

Apesar de já ter abordado aqui no site as diferenças e aplicações da Escrita Criativa, acredito que o tema ainda possa causar alguma confusão quando mal empregado – afinal, nos dias de hoje, há uma premissa que podemos ser criativos em todas as áreas.

Por isso, antes de começarmos a desenvolver uma narrativa, creio na importância de esclarecer o que é, afinal, a Escrita Criativa – além de, é claro, te dar uma oportunidade de conhecer o conteúdo do meu Guia de Roteiro para HQ e descobrir qual é a proposta do material.

O que é Escrita Criativa?

É toda a escrita que não seja técnica, através da qual o escritor tem o propósito tanto de entreter o leitor quanto de partilhar sentimentos, pensamentos e experiências. Seu alicerce é a imaginação – ou seja, a criatividade – e pode ser desenvolvida através de exercícios que variam de acordo com a intenção do autor.

Em outras palavras, a Escrita Criativa é toda a escrita autoral.

Apesar de ser um conceito bastante abrangente, é importante ressaltar que a Escrita Criativa é útil para o escritor que quer contar uma história. Textos informativos, jornalísticos, acadêmicos e técnicos não fazem parte da prática criativa. Ainda assim, há uma gama de gêneros textuais que se beneficiam com a Escrita Criativa, tanto ficcionais quanto não-ficcionais. Alguns exemplos são:

  • Contos
  • Crônicas
  • Romances
  • Livros infantis
  • Letras de música
  • Discursos
  • Poesia
  • Peças teatrais
  • Roteiros para TV/cinema/HQ
  • Memórias (autobiografia)
  • Ensaios Criativos (pessoais ou jornalísticos)

Ao vermos os gêneros textuais nos quais a Escrita Criativa se enquadra, é possível observar que ela pode tanto ter o objetivo de entreter o leitor – como no caso dos romances, peças teatrais, poesias –, quanto o de informar e registrar algo – como nos ensaios criativos e nas autobiografias.

De qualquer forma, seja um texto ficcional ou não, a Escrita Criativa nos ajuda a contar uma história. E é aqui que começa a nossa jornada. Narrar, ao contrário do que se pensa, não é pura imaginação. Não é dom. Não é inspiração. É sim vontade, treino e disciplina. É 10% inspiração e 90% transpiração, como dizem por aí.

Pegue lápis, papel e apronte-se, porque a partir de agora você vai começar a escrever.

Exercício – conte-me a sua história

Agora que você já sabe qual caminho seguiremos, é hora de nos conhecermos melhor. Se nós caminharemos juntos por entre as palavras, nada mais justo do que me falar um pouco sobre você, sua relação com a escrita, suas influências artísticas e seus objetivos como escritor. Espero que não se sinta constrangido ou pressionado, o único objetivo desse exercício é conhecermos o seu ponto de partida, tá? Você não precisa provar nada para ninguém – cada um tem as suas experiências e faz as coisas no seu tempo.

O quê? Quer que eu comece? Não tem problema, vou me apresentar:

Meu nome é Myllena e eu escrevo desde os oito anos de idade. Comecei escrevendo poesias; quando a professora dava uma lista de palavras para formarmos frases, eu fazia versos. Com onze anos, entrei pela primeira vez em uma biblioteca e desde então tive a certeza de que queria ser escritora. Mesmo recebendo muito apoio das professoras, a ideia de que ser artista não dá dinheiro me assombrou e acabei me formando em jornalismo – profissão que nunca exerci. Depois de dedicar vários anos da vida estudando a cultura japonesa morar em Tóquio por seis meses, percebi que era hora de voltar ao meu plano inicial: sentar, escrever e publicar. Foi assim que, em 2014, nasceu meu primeiro livro, A Sala de Banho. A partir de então, não parei mais de publicar – em especial histórias em quadrinhos.

Gosto muito de música, tanto que estudo teoria musical, violão e já fiz aulas de canto por seis anos, ao todo. Mesmo não gostando de eleger favoritos, tenho alguns autores que me chamam mais que outros, como Clarice Lispector, Machado de Assis, Helena Kolody, Castro Alves, Margaret Atwood, Alice Munro, Haruki Murakami, Mia Couto, Luis Henrique Pellanda, Luci Collin e Lygia Fagundes Telles.

Já assumi que a escrita sou eu. Quero continuar escrevendo, dando aulas, estudando, publicando e editando livros pelo resto da vida. Meu objetivo é estar sempre em contato com a escrita, de forma direta ou indireta, para que eu possa aprimorar a minha técnica e obter meu sustento trabalhando com o que melhor sei fazer: escrevendo histórias.

Já de Histórias em Quadrinhos tenho mais títulos favoritos do que autores. Gosto muito dos mangás na CLAMP (Guerreiras Máicas de Rayearth e Card Captor Sakura), Honey and Clover, Karekano, Persepolis, muitas sagas de X-men, muitas Graphic MSP (Bidu, Chico Bento Pavor Espacial, Penadinho, etc) e tirinhas, como Um Sábado Qualquer e Willtirando.

Agora é a sua vez!

Conte-me tudo, não esconda nada! E, se não for muita pressão, tenho uma dica: pegue o cronometro do seu celular e marque o tempo que você ficará escrevendo – sugiro que não ultrapasse os 20min. Também não se preocupe com erros gramáticais ou repetições nesse primeiro momento. Escreva o que vier primeiro na sua cabeça. Boa escrita!

Deixe uma reflexão

Quem escreve sobre escrita

Mylle Pampuch

Mylle Pampuch escreve e edita livros. Publicou as histórias em quadrinhos A Samurai e Doce Jazz e os livros de contos A Sala de Banho e Realidades pré-distópicas (& modos de usar). Ministra oficinas de escrita criativa, orienta autores em seus projetos literários e incentiva todos que queiram a escrever e publicar suas próprias histórias.

Artigos